domingo, 25 de fevereiro de 2007

(8) O patusco PAULINO
= Histórias verdadeiras =
por Toni Florido

O Inverno é grande
Certo dia, na antiga marisqueira, entrou o Paulino e pediu à empregada uma cerveja e uma sandes de fiambre. O serviço veio para o balcão, e o Paulino lá bebeu a cerveja, deixando um resto da sandes.
Chamou a empregada, empurrou o copo e o que sobrou da sandes, puxou da carteira de onde tirou uma nota de vinte escudos para pagar a despesa que era de quinze escudos (belos tempos) e disse para a empregada:
-“Olhe, guarde o resto!”
Passados uns minutos o Paulino indagou à empregada:
-“Então ouça lá, e o meu troco!?”
-“…mas… mas então o senhor disse para eu ficar com o resto!...”
-“…com o resto da sandes! Dê cá mas é os ‘cinco paus’ que o Inverno é grande!”

A caixa
No passeio junto à Caixa Geral de Depósitos na nossa cidade, o Paulino parou, pôs um saco de plástico no chão e esfregou as mãos. Alguém lhe perguntou:
-“Então, Paulino, o que estás aqui a fazer?”
-“Ora, parei para por o meu dinheiro na caixa.”
-“Mas não sabia que tinhas assim tanto dinheiro!... e além disso a Caixa agora já está fechada!”
-“Não está nada!...” – e tirou umas moedas do bolso, abriu o saco de plástico, tirou de lá de dentro uma caixa de cartão e colocou as moedas lá dentro. –“…está a vêr que não está!?”

O morto
Contaram-nos que o Paulino chegou a trabalhar no hospital… mas só dois dias. O Paulino gostava do seu ‘copito’ mas, já aqui o dissemos, não virava a cara ao trabalho. E foi assim que lhe arranjaram um emprego… na morgue.
Deram-lhe as primeiras instruções no seu primeiro dia de trabalho.
-“O quê!? Oh meu Deus! Fazer-lhe a barba!? Vestir-lhe roupa nova!!? Calçar-lhe os sapatos!!!? Então e se a gente lhe desse antes um copo de tinto para a viagem!?”
Explicaram-lhe que o defunto tinha que estar apresentável no caixão. Bom, ele lá fez, a contragosto o serviço, ainda apareceu no dia seguinte mas depois nunca mais lá pôs os pés.
-“É que gosto de trabalhar com pessoas que também falem para mim!”

A constipação
Bateram à porta da barraca do Paulino. Era alguém que ali ía para lhe oferecer umas peças de roupa.
O nosso homem veio até à porta acompanhado do seu cão, o ‘pilante’, que ao tempo ainda era vivo.
Ora todos sabemos que, quer os cães quer os gatos, também espirram e tossem.
Mal abriu a porta, o cão, a seu lado, espirrou:
-“a…a…atchooouu!!...”
E o Paulino virou-se repentinamente para ele e ralhou:
-“Vês!? Eu não te disse para não vires descalço para a porta!?”

Toni Flórido

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